Quem cuida do cuidador?

29 05 2012

 Sugestão de leitura enviada pelo gerente de Gestão da Assistência Social  de Vitória,  Rodolpho Dalla Bernardina, sobre a necessidade de cuidado com aqueles que cuidam dos outros. O texto fala sobre os enfermeiros e médicos, mas  permiti também uma reflexão sobre os profissionais da assistência social, que no cotidiano do trabalho cuidam daqueles que da assistência social necessitam. Boa leitura!

Quem cuida do cuidador?

Por  Leonardo Boff,

                                                                                                                                          Teólogo e Filósofo

 As primeiras e mais ancestrais cuidadoras são nossas mães e avós que desde o início da humanidade cuidaram de sua prole. Caso contrário, não estaríamos aqui escrevendo sobre o cuidado. Neste contexto queremos mencionar duas figuras, verdadeiros arquétipos do cuidado: o médico suíço Albert Schweitzer (1875-1965) e a enfermeira inglesa Florence Nightingale (1820-1910).

Albert Schweitzer era exímio exegeta bíblico e um dos maiores concertistas de Bach de seu tempo. Aos trinta anos já com fama em toda a Europa, largou tudo, estudou medicina para, no espírito das bem-aventuranças de Jesus, cuidar dos mais pobres dos pobres (os hansenianos) em Lambarene no Gabão. Numa de suas cartas confessa explicitamente: ”o que precisamos não é de missionários que queiram converter os africanos, mas de pessoas dispostas a fazer aos pobres o que deve ser feito, se é que o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuem algum valor. Minha vida não está nem na arte nem na ciência mas em ser um simples ser humano que no espírito de Jesus faz algo por insignificante que seja”. Foi dos primeiros a ganhar o Prêmio Nobel da Paz.

Por cerca de quarenta anos viveu e trabalhou num hospital por ele construído com o dinheiro de tournées de concertos de Bach. Nas poucas horas vagas, teve tempo para escrever vasta obra centrada na ética do cuidado e do respeito pela vida. Formulou assim seu lema: “a ética é a responsabilidade ilimitada por tudo o que existe e vive”. Numa outra obra assevera: ”a ideia chave do bem consiste em conservar a vida, desenvolvê-la e elevá-la ao mais alto valor; o mal consiste em destruir a vida, prejudicá-la e impedir que se desenvolva plenamente; este é o princípio necessário, universal e absoluto da ética”.

Outro arquétipo do cuidado foi a enfermeira inglesa Florence Nightingale. Humanista e profundamente religiosa, decidiu melhorar os padrões da enfermagem em seu país. Em 1854, com outras 28 companheiras, Florence se deslocou para o campo de guerra na Criméia da Turquia, onde se empregavam bombas de fragmentação que produziam muitos feridos. Aplicando, no hospital militar, a prática do rigoroso cuidado, em seis meses reduziu de 42% para 2% o número de mortos. Esse sucesso granjeou-lhe notoriedade universal.

De volta a seu país, e depois nos EUA, criou uma rede hospitalar que aplicava o cuidado como eixo norteador da enfermagem e como sua ética natural. Florence Nightingale continua a ser uma referência inspiradora. O operador da saúde é por essência um curador. Cuida dos outros como missão e como opção de vida. Mas quem cuida do cuidador, título de um belo livro do médico Dr. Eugênio Paes Campos (Vozes 2005)?

Partimos do fato de que o ser humano é, por sua natureza e essência, um ser de cuidado. Sente a predisposição de cuidar e a necessidade de ser ele também cuidado. Cuidar e ser cuidado são existenciais (estruturas permanentes) e indissociáveis. É notório que o cuidar é muito exigente e pode levar o cuidador ao estresse. Especialmente se o cuidado constitui, como deve ser, não um ato esporádico, mas uma atitude permanente e consciente. Somos limitados, sujeitos ao cansaço e à vivência de pequenos fracassos e decepções. Sentimo-nos sós. Precisamos ser cuidados, caso contrário, nossa vontade de cuidar se enfraquece. Que fazer então?

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18 05 2012





18 de maio: Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

18 05 2012

Diga não à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Disque 100.





Isso é um abuso!

17 05 2012

Por Gilmara Coutinho Wolkartt

Psicóloga, especialista em família e coordenadora  do Centro de Referência Especializado da Prefeitura de Vitória(CREAS) da região centro.

O dia 18 de maio é lembrado como o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Tal data foi instituída através da lei nº 9.970/00. Coube a nossa cidade a referência dessa data. Motivo de orgulho? Não. Motivo de vergonha nacional.

Essa data foi instituída devido à morte de Araceli Cabrera Crespo, ocorrida em 18 de maio de 1973,  nessa terra que se chama Vitória. Araceli tinha oito anos de idade e foi drogada, estuprada e morta. O corpo foi encontrado nos fundos do Hospital Infantil, em estado degradante. Informações da imprensa local revelam que foi utilizado ácido no rosto da criança para dificultar a identificação. Os principais suspeitos desse crime, Paulo Constatino Helal e Danti Michelini Júnior, eram filhos de famílias influentes no Estado.  O mais vergonhoso é que o crime ainda hoje continua impune. Araceli representa as milhares de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, que tem todos os seus direitos humanos e sexuais violados.

A violência sexual contra crianças e adolescentes ocorre quando uma criança é exposta a situações, sexuais sem ter maturidade ou condições emocionais ou físicas para tal ato. Na maioria das vezes, a criança ou adolescente não tem condições de dizer “não”, pois sofre constantes ameaças ou por se sentirem impotentes diante do abusador.

Os abusos sexuais aparecem de diversas formas, tais como: carícias sexuais, sexo oral, falas obscenas, sexo anal, atos libidinosos, voyerismo(olhar a criança em sua intimidade), exibicionismo, entre outros. Os abusos também podem ser por exploração sexual de crianças e adolescentes, pornografia e estupro.

Devemos deixar claro que não é apenas o estupro que configura a violência sexual, mas qualquer ato que expõe a criança ou adolescente a situações sexuais sem que a mesma tenha condições ou maturidade cognitiva em consentir ou não.

A violência sexual pode ser intrafamiliar e extafamiliar. O assombro é que a maior parte dos casos de abusos sexuais ocorridos com criança e adolescentes acontecem no âmbito doméstico e são intrafamiliar, ou seja, na maioria das vezes o abusador é alguém que a criança conhece, confia e, na maioria das vezes, ama.

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Reatech 2012 e a inclusão de pessoas com deficiência

8 05 2012

                                                                                            Por Mariana Barbosa Reis,

                           coordenadora das Ações para Pessoas com Deficiência de Vitória

                             

A Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade é a mais respeitada do setor na América Latina e recebe pessoas do mundo todo, para adquirir, trocar conhecimento e conhecer novas soluções. Desde a sua primeira edição vem ultrapassando fronteiras.

Sempre que participo da Feira fico encantada, e porque não dizer surpresa, com tantas pessoas com deficiência que por lá transitam. E este ano bateu o recorde: cerca de 50 mil pessoas passaram pelo evento. Tudo para elas e com elas!

Seminários, cursos, palestras e fóruns sempre foram destaques na Reatech. E nesta edição priorizei a minha participação no Seminário de Políticas Públicas para as Mulheres com Deficiência Narrativas (quase) esquecidas: A Luta das Mulheres com Deficiência no Brasil. Esta aí uma área pouco (muito pouco mesmo) desenvolvida em nosso País.

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